Custos de implantação e operação da irrigação de pastagens

Conforme havia sido comentado no artigo “Por que irrigar uma pastagem?” a irrigação traz benefícios para a produção de leite com aumento da oferta de forragem e consequentemente incremento na produção de leite por hectare. Mas, qual o custo da implantação de um sistema de irrigação? E quanto custa a operação desse sistema?

Geralmente as pastagens são irrigadas por sistemas de aspersão. Em grandes áreas são utilizados os sistemas de pivô central e auto-propelido. Em pequenas áreas, onde não se viabiliza a implantação de um pivô ou sistema auto-propelido, são utilizados os sistemas de aspersão móvel e aspersão fixa. Hoje a escassez de mão de obra limita a utilização do sistema móvel, já que neste sistema é necessário mudar as linhas e aspersores de posição, o que demanda muito tempo e trabalho. Por isso em nosso artigo vamos focar no sistema de aspersão fixa.

Image

 

Irrigação de pastagem na Fazenda Zanchetin no município de São Lourenço do Oeste – SC (Créditos: Programa Balde Cheio – Embrapa Pecuária Sudeste)

Os custos serão apresentados para implantação e operação de um sistema de irrigação em 1 hectare. Consideramos para efeito de cálculo alguns dados que haviam sidos mencionados no artigo anterior. A tabela 1 apresenta os dados gerais dos sistemas irrigado e sequeiro.

Image

 

O custo médio para implantação de um sistema de aspersão em pastagens é de R$ 7 mil por hectare. Consideramos nos cálculos: vida útil do sistema de 10 anos e taxa de juros de 6% ao ano. O custo de operação do sistema varia para cada região, então consideramos o custo de operação para a região de Piracicaba (SP), utilizando irrigação noturna para usufruir do desconto na tarifa de energia e pagamento pela água retirada da bacia hidrográfica. A potência instalada considerada é de 4 cv por hectare. A tabela 2 apresenta os custos fixos e variáveis para instalação e operação do sistema. A demanda anual de água para irrigação foi de 1116 mm e são necessárias 298 irrigações anuais, estes valores foram calculados a partir dos dados meteorológicos da região.

Image

 

O custo do sistema de irrigação é de R$ 0,03 por litro de leite produzido. Já o custo operacional efetivo¹ (COE) foi de R$ 0,33 por litro de leite produzido para ambos os sistemas, sequeiro e irrigado. Este comportamento do COE é explicado pelo aumento da produção por área, que por sua vez é resultado do incremento na taxa de lotação, reduzindo o impacto dos custos gerados pela irrigação. Apesar do COE ser semelhante para os dois sistemas podemos concluir que com a redução da sazonalidade de produção de forragem há uma tendência de aumento na renda do produtor, que terá uma produção mais constante ao longo do ano.

¹ O custo operacional efetivo (COE) por litro de leite é resultado da divisão das despesas de custeio pelo total de leite produzido. Sendo que o custo total (CT) por litro de leite considera também a remuneração pelo capital investido e a depreciação dos bens. O CT não foi calculado neste artigo por ser muito variável.

Elenilson S. Bortolini (Bargaña)

Estagiário na Cooperideal

Membro do GPID (2011-2012)

Referências

CAMARGO, A.C.; NOVO, A.M.; MENDONÇA, F.C.; BERGAMASCHI, M.; COSTA, T.P. Planilha de avaliação econômico-zootécnica. Embrapa Pecuária Sudeste. São Carlos, 2009. 

MARQUES, P.A.A.; MARQUES, T.A. Programa Pupunha: software para avaliação econômica da irrigação da pupunha. Rev. bras. eng. agríc. ambient.,  Campina Grande,  v. 6,  n. 2,   2002 .

MENDONÇA, F.C.; CAMARGO, A.C.; STIVARI, A. LIMA, C.R.C; FERREIRA, F.C.; AKINAGA, L.; COTI, L.B.; GONÇALVES, L.R.; QUINAGLIA NETO, P. Dimensionamento de sistemas de irrigação para pastagens em propriedades de agricultura familiar. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento 10, São Carlos: Embrapa Pecuária Sudeste, 2007. 56 p.

RASSINI, J. B. Período de estacionalidade de produção de pastagens irrigadas. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 39, n. 8, p. 821-825, 2004.

ROLIM,G.S.; SENTELHAS,P.C.; BARBIERI, V. Planilhas no ambiente EXCEL TM para os cálculos de balanços hídricos: normal, sequencial,de cultura e de produtividade real e potencial. Revista Brasileira de Agrometeorologia, Santa Maria, v. 6, n.1, p133-137, 1998.